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CONSELHO BÍBLICO

Conexão - Informação e Formação para a Transformação

Robert Jones. Ira: arrancando o mal pela raiz

 

Orientação bíblica para um problema comum.

Resenha por Chris Boucher – Biblical Counseling Coalition

Expectativas superadas
Quando peguei em mãos esse livro pela primeira vez, eu não sabia o que esperar. Seria um livro para pessoas que lutam para controlar sua ira? Seria um livro para pessoas que ficam iradas e desejam entender melhor como lidar com suas emoções? Ou seria um livro para aqueles que conhecem alguém que luta com questões de ira e está em busca de ajuda? Para minha alegria, a resposta é: todas as alternativas acima. Nenhum sequer dos que caminham nesse planeta escapa de ficar irado. O livro de Robert Jones, portanto, beneficiará todos aqueles que peregrinam atualmente no planeta terra.

Uma definição prática e útil de ira
Como Robert Jones afirma em seu primeiro capítulo, muitas pessoas teriam maior facilidade para descrever a ira do que para defini-la (p. 18). Eu também descobri que isso é verdade. Sua própria definição pode ser uma ferramenta para avaliar a ira. Minha ira é justa? Estou reagindo pecaminosamente? Há realmente algo errado aqui ou só eu estou percebendo um erro? Eis a definição de Robert Jones:

Nossa ira é nossa resposta ativa e integral de juízo moral negativo contra um mal por nós percebido. (p. 19)

A maioria das pessoas com as quais converso, pensam que a ira é uma resposta apenas emocional, não uma resposta ativa, pessoal e integral. Não é assim, diz Robert Jones.

Nas Escrituras a palavra ira comunica emoção, cobrindo todo o espectro da ira ardente e explosiva até a rejeição gélida. Mas a ira sempre envolve crenças, motivações, percepções e desejos. Além disso, a Bíblia descreve a ira em termos comportamentais ricos e gráficos. (p. 16)

Cada componente da definição de Robert Jones ajuda-nos a ser mais parecidos com Cristo.

Enraizado nas Escrituras
Ira: arrancando o mal pela raiz tem base bíblica animadora e é teologicamente perspicaz. Quando penso na ira justa, ou peço aos meus alunos no seminário para lembrarem de um exemplo bíblico de ira justa, o exemplo mais comumente citado é o de Jesus virando as mesas e limpando o templo (Mt 21.12, 13). Entretanto, como era se esperar, o Antigo Testamento contém vários exemplos da indignação de Deus contra o mal. Depois de citar os resultados de seu estudo da Palavra, Robert Jones afirma:

Quando acrescentamos o restante do vocabulário do Antigo e do Novo Testamento, descobrimos várias centenas de referências à ira de Deus na Bíblia. Num certo sentido, Deus é ao mesmo tempo o ser mais amoroso e o mais irado de nosso planeta. (p. 24)

Esta foi uma surpresa que me deixou perplexo. No entanto, a ira de Deus sempre flui de Sua justiça e retidão.

Sua ira é justa?
Os cristãos, citando Jesus como exemplo, costumam exclamar que sua ira é justa. Robert Jones dedica um capítulo inteiro para responder à pergunta “Sua ira é realmente justa?”.  Ele oferece três critérios para uma ira justa (p. 35 e 36):

● A ira justa reage contra o pecado real.
● A ira justa tem seu foco em Deus e Seu reino, Seus direitos e preocupações, não em mim, no meu reino, meus direitos e minhas preocupações.
● A ira justa é acompanhada por outras qualidades piedosas e se expressa de maneiras piedosas.

Esses critérios bíblicos e práticos provaram-se úteis para mim na avaliação da minha própria ira, bem como ferramenta no meu ministério de aconselhamento. Robert Jones termina o segundo capítulo de seu livro examinando esses critérios em três exemplos na vida de Cristo, e também com os exemplos de Saul e Jonatas.

O coração da ira
O terceiro capítulo é um estudo minucioso de Tiago 4 sobre a verdadeira causa da ira: o coração.

Primeiro, a ira surge de desejos e prazeres entrincheirados que ‘guerreiam’ dentro de nós. (p. 59)

Desejo não é o problema; o problema é o que fazemos com o nosso desejo, especialmente nossos desejos não satisfeitos – eles podem produzir ira.

O problema com esses desejos é que eles nos dominam e controlam. Ao final, se não forem postos em cheque, produzem pecado e morte. […] Por fim, com base no versículo 3, a ira procede de motivações egoístas. Tiago adverte contra orarmos para desfrutarmos de ‘prazeres’ pessoais. O coração pecaminoso busca agradar-se a si mesmo mais do que agradar a Deus. (p. 59)

Nós pedimos a Deus o que queremos. Mas quando Ele não responde, nós nos iramos contra Ele. Este é o assunto do capítulo 7: A ira contra Deus. Isso reforça a definição de ira como sendo mais do que apenas uma emoção.

João e Júlia
Uma característica irresistível de Ira: arrancando o mal pela raiz é a história de João e Júlia entretecida ao longo de todo o livro.  Como pode-se esperar de um livro prático, cada capítulo traz vários exemplos de aplicação do conteúdo. Ao invéz de mudar os nomes em cada capítulo ou ilustração, Robert Jones usou sempre os personagens João e Júlia. Infelizmente, eu pude me ver no papel de João algumas vezes, talvez um pouco mais do que eu gostaria de admitir, mas foi algo irresistível e cativante.

Ajudando as pessoas a lidarem com a ira
Robert Jones dedica um capítulo especificamente ao tema de ajudar outras pessoas a lidarem com sua ira. Se você conhece alguém que tem um problema de ira, esse livro irá ajudá-lo a entender a ira biblicamente e, no capítulo 9, irá ajudá-lo a encorajar as mudanças com compaixão e coragem. Este capítulo contém excelentes conselhos sobre “como fazer” além de direcionar o leitor para mais recursos, tanto no Apêndice quanto em outras publicações. Robert Jones também lhe garante que vale a pena oferecer ajuda e até mesmo atribuir tarefas.

Não presuma que você não pode designar tarefas em aconselhamentos informais ou encontros de discipulado. Assim como emprestar o carrinho de mão a um vizinho, compartilhar uma ou duas ferramentas cristãs de crescimento com um amigo que confiou em você e mostrou interesse em Cristo irá, com certeza elevar o nível de sua amizade e mostrar a ele que você é um amigo verdadeiro que deseja ajudar. (p. 166)

Um conselho sábio.

A ocultação pecaminosa
Os capítulos 5 e 6 tratam do âmago da questão. Robert Jones lida inicialmente com as pessoas cuja ira manifesta-se costumeiramente de forma verbal. Provavelmente, isto é o que a maioria de nós pensa quando considera a ira – gritar, levantar a voz, insultar. No entanto, em seguida, ele se dirige também à “ocultação pecaminosa”.

Júlia era uma mulher irada, embora suas críticas raramente fossem verbalizadas. Ela aprendera a esconder habilmente sua ira. Ela se fechava e a internalizava. Embora no exterior fosse calma e controlada, ardia e fervia por dentro. (p. 111, 112)

Considerei esta colação muito perspicaz – eu nunca havia dado muita atenção a esse “estilo” de ira antes de ler Ira: arrancando o mal pela raiz. Como nos demais capítulos, ele oferece ao leitor ensino extraído de textos bíblicos e também passos práticos e estratégias para a mudança.

Reflexão posterior e aplicação à vida
Cada capítulo termina com uma seção “Para reflexão posterior e aplicação à vida”. Essas ideias, tarefas e perguntas desafiam e incentivam crescimento durante a leitura individual. Elas também podem ser excelentes para debates em grupos pequenos ou para o ministério do conselheiro.

Conclusão
Ira: arrancando o mal pela raiz é um livro que eu preciso ler novamente. Os passos práticos e estratégias de mudança apresentados em cada capítulo para cada tipo de ira valem o preço do livro. Para o conselheiro, seria útil ter esses passos reunidos em uma única folha de papel para facilitar a consulta. Eu recomendaria o mesmo a alguém que esteja lutando com algum tipo de ira:  copie os passos e coloque-os em algum formato de fácil acesso.

A definição de ira e os versículos bíblicos também são de grande valor, e algo que usarei. Ira: arrancando o mal pela raiz é um livro que você precisa ter e que todo crente precisa ler. Recomendo amplamente o livro.

FICHA TÉCNICA
Autor: Robert Jones
Título:  Ira: arrancando o mal pela raiz
Título original:  Uprooting anger: biblical help for a common problem
editora: Nutra
Páginas: 220
Data de publicação: 2010

Robert Jones é Doutor em Ministério pelo Westminster Theological Seminary; Mestre em Teologia pelo Trinity Evangelical Divinity School. É professor de aconselhamento bíblico no Southeastern Baptist Theological Seminary. É membro daACBC – Association of Certified Biblical Counselors. Também é conciliador cristão certificado e instrutor adjunto do Peacemaker Ministries. Conferencista experiente, foi preletor em conferências de aconselhamento nos Estados Unidos, na Espanha e no Brasil.

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