Série Iscas de Satanás - Parte I
Texto Bíblico: “É inevitável que venham escândalos”. (Lc 17:1).
INTRODUÇÃO
Qualquer pessoa que já tenha feito uma armadilha para animais sabe que precisa de uma ou duas coisas para obter sucesso:
-
ela deve estar bem escondida, na esperança de que o animal tropeçará nela,
-
e deve haver uma isca para atrair o animal para dentro dessa armadilha mortal.
O inimigo de nossa alma, incorpora essas duas estratégias para montar suas mais mortais e enganadoras armadilhas.
Elas estão sempre bem escondidas e com iscas.
Satanás, juntamente com seus comparsas, não é tão espalhafatoso como cremos. É sutil e seu maior deleite está no engano.
É astuto e ardiloso quando opera. Nunca se esqueça de que ele pode disfarçar-se como mensageiro de luz.
Se não formos treinados pela Palavra de Deus para separar corretamente o que é bom do que é mau, não reconheceremos suas armadilhas como realmente são.
Uma de suas iscas mais enganosas e traiçoeiras é algo com que todo crente se depara: a ofensa.
Na realidade, a ofensa não é mortal: ela ficar na armadilha. Mas, se a pegarmos, a consumirmos e alimentamos nossos corações com ela, ficaremos escandalizados.
Pessoas escandalizadas produzem frutos como dor, raiva, ciúme, ressentimento, amargura, ódio e inveja.
Algumas das consequências de permitirmos ser escandalizados são insultos, ataques, divisão, separação, relacionamentos quebrados, traição e tropeço.
Muito frequentemente, aqueles que são escandalizados não percebem que caíram na armadilha.
Não estão cientes de sua condição, por se concentrarem no mal que lhes fizeram. Estão negando sua situação. O modo mais eficaz que o inimigo usa para nos cegar é fazendo com que nos concentremos em nós mesmos.
Esta série de pregações expõe esta armadilha mortal e revela como escapar dessa garra e livrar-se dela.
Estar livre da ofensa e do escândalo é essencial para cada crente, porque Jesus disse que "É inevitável que venham escândalos”.
No fim do século 20, o conhecimento aumentou assustadoramente, em nossas igrejas. Mas, mesmo com esse aumento, passamos por mais divisões entre crentes, líderes e congregações.
A razão: a ofensa é violenta quando vem da falta de amor genuíno. "O saber ensoberbece, mas o amor edifica" (1 Co 8:1).
Muitos são pegos na armadilha do engano e passamos até a acreditar que esse é um modo de vida normal.
É preciso libertação.
Nossa reação a uma ofensa determina nosso futuro.
1. EU, ESCANDALIZADO?
Tenho percebido ao longo do meu ministério uma das armadilhas mais enganosas e mortais. Ela aprisiona inúmeros crentes, rompe relacionamentos e nos separam ainda mais: é a armadilha da ofensa, do escândalo.
Muitos não conseguem responder ao chamado por causa das feridas e da mágoa que as ofensas causaram à vida deles.
Eles estão incapacitados e impedidos de usar todo o seu potencial. Muito frequentemente, foi um outro crente que causou a ferida. Isso faz com que a ofensa pareça uma traição.
No Salmo 55:12-14 Davi lamenta-se:
“Com efeito, não é inimigo que me afronta; se o fosse, eu o suportaria; nem é o que me odeia quem se exalta contra mim, pois dele eu me esconderia; mas és tu, homem meu igual, meu companheiro e meu íntimo amigo. Juntos andávamos, juntos nos entretínhamos e íamos com a multidão à Casa de Deus”.
São aqueles que se sentam ao nosso lado e cantam conosco, ou talvez aquele que prega. Passamos férias juntos, participamos de reuniões sociais e dividimos o escritório com eles.
Talvez sejam até mais próximos. Crescemos juntos, confiamos neles e dormimos com eles.
Quanto mais estreita a relação, maior a ofensa!
Os maiores sentimentos de ódio estão entre aqueles que um dia foram próximos.
A lista de ofensa é tão interminável como a de relacionamento, não importa quão simples ou complexa. Verdade seja dita: apenas aqueles com quem você se importa são capazes de feri-lo. Você tem uma expectativa maior em relação a eles - afinal, você deu mais de você a eles. Quanto maior a expectativa, maior a queda.
A Bíblia é bem clara que nos últimos dias os homens serão "egoístas" (2 Tm 3:2). Podemos esperar isto de não crentes, mas Paulo não se está referindo àqueles fora da igreja. Ele está falando dos que estão dentro da igreja.
Muitos estão feridos, amargurados e machucados. Estão ofendidos, mas não conseguem perceber que caíram na armadilha de Satanás.
É nossa culpa? Jesus deixou claro que é inevitável que sejamos escandalizados. Mesmo assim, muitos crentes ficam chocados, confusos e, até mesmo, surpresos quando isso acontece.
Acreditamos que somos os únicos a sofrer uma ofensa.
Isso nos deixa vulneráveis à raiz de amargura.
Assim, devemos estar preparados e armados contra a ofensa e contra o escândalo, porque nossa reação determina nosso futuro.
A Armadilha Enganosa
A palavra "escandalizar", de Lucas 17:1, vem do grego skandalon, que originalmente se referia à parte da armadilha onde se colocava a isca.
Dessa forma, a palavra significa montar uma armadilha no caminho de alguém! No Novo Testamento, ela geralmente descreve um engodo do inimigo.
O escândalo e a ofensa são ferramentas do diabo para levar as pessoas cativas.
Paulo instruiu o jovem Timóteo:
“Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para para instruir, paciente...” (2 Tm 2:24-26)
Aqueles que vivem a contender, e que se opõem, caem na armadilha e são feitos prisioneiros para fazer a vontade do diabo.
E o que é mais alarmante é que não sabem que foram cativos! Como o filho pródigo, precisam acordar para sua verdadeira condição.
Precisam perceber que estão vomitando água amarga em vez de água pura. Quando a pessoa é enganada, acredita que está certa, mesmo quando não está.
Independentemente da situação, podemos dividir os ofendidos em duas, grandes categorias:
a) aqueles que foram injustiçados ou
b) aqueles que acreditam que foram injustiçados.
As pessoas da segunda categoria acreditam de todo o coração que foram traídas. Geralmente, a conclusão a que chegam provém de informações incorretas; ou a informação está correta, mas a conclusão está distorcida. De qualquer forma, elas estão feridas e seu entendimento obscurecido. Julgam por dedução, aparência e rumor.
A verdadeira condição do coração
Uma forma de o inimigo usar a pessoa escandalizada é mantendo a ofensa escondida, num manto de orgulho.
O orgulho nos impedirá de admitir nossa verdadeira condição.
O orgulho nos impede de lidar com a verdade. Ele distorce nossa visão. Nunca mudaremos se acreditarmos que estamos bem.
O orgulho endurece o coração e obscurece os olhos do entendimento. Impede a mudança - o arrependimento - que nos vai libertar (veja 2 Tm 2:24-26).
O orgulho faz com que nos vejamos como vítimas.
A nossa atitude, então, é: "Fui maltratado e mal-entendido; então, tenho justificativa para meu comportamento". Porque achamos que somos inocentes e que fomos falsamente acusados, retemos o perdão. Embora a verdadeira condição do coração esteja escondida aos nossos olhos, não está escondida de Deus.
Só porque fomos maltratados não podemos nos agarrar à ofensa.